By Dani Marques março 25, 2025
 Evento na Itália reuniu empresas de couro de todo o mundo |
Milão, Itália – A coordenadora de projetos do Boi na Linha, Louise Nakagawa, representou o Programa na Lineapelle, uma das maiores feiras de couro do mundo, realizada entre 25 e 27 de fevereiro em Milão. O evento, que reúne grandes players da indústria da moda e marcas de luxo, proporcionou um espaço estratégico para discutir inovação e sustentabilidade no setor.
Rastreabilidade e Sustentabilidade Louise participou de um painel organizado pelo Spin 360, think tank que atua com pesquisas sobre emissões de carbono, sustentabilidade na indústria têxtil e rastreabilidade. O debate abordou temas como regulamentações ambientais e a necessidade de maior transparência na cadeia produtiva do couro. |
Na ocasião, Louise destacou os protocolos de monitoramento e combate ao desmatamento na Amazônia, apresentando o programa Boi na Linha como uma ferramenta essencial para garantir a origem da matéria-prima. “A Europa, como grande compradora de couro do Brasil, precisa olhar para as iniciativas que já estão sendo implementadas e se apropriar dessas ferramentas. Não estamos começando do zero, há protocolos robustos em andamento que garantem maior controle sobre a origem da matéria-prima”, afirmou Louise.
O painel contou com a participação de representantes do grupo Kering, que detém marcas como Gucci e Balenciaga, além de advogados especializados em legislação ambiental e membros do WWF. A participação do Boi na Linha despertou o interesse entre os presentes, demonstrando o potencial de um modelo de produção mais responsável. “Foi uma discussão de alto nível, e conseguimos mostrar que há alternativas viáveis para uma produção mais responsável. Tivemos conversas importantes com empresas que querem entender melhor como aplicar essas práticas em suas cadeias de suprimento”, comentou Louise.
Networking e Novas Parcerias
Além do painel, a Lineapelle proporcionou oportunidades estratégicas de networking. Empresas como a Fuga Couros da Itália solicitaram materiais sobre os protocolos brasileiros de rastreabilidade, enquanto curtumes nacionais, como Courovale e Nova Kaeru, demonstraram interesse em colaborar na construção de narrativas que evidenciem o couro como um subproduto sustentável da pecuária.
Entre os destaques apresentados por Louise estava a empresa Nova Kaeru, localizada no Rio de Janeiro, que trabalha com couro de pirarucu da Amazônia. “Vai ser interessante poder conhecer uma iniciativa que já atua com manejo sustentável, mas de um material diferente do couro bovino”, observou a coordenadora.
Boi na Linha como Referência
A presença do Boi na Linha na Lineapelle representou um marco na aproximação com a indústria global da moda. “Conseguimos fincar a nossa bandeira nesse setor, que tradicionalmente tem pouco contato com iniciativas socioambientais voltadas para a cadeia do couro. Foi gratificante perceber que conseguimos despertar o interesse de marcas que, até então, não conheciam a profundidade do nosso trabalho”, celebrou Louise.
Paralelamente à sua participação na Lineapelle, Louise encontrou produtores rurais, representantes do setor privado e técnicos locais, e teve a oportunidade de conversar com eles sobre soluções para aprimorar a rastreabilidade do gado e garantir o cumprimento de critérios socioambientais propostos pelo Programa.
Para a coordenadora, a troca de experiências proporcionou insights valiosos para a evolução do Boi na Linha. “É fundamental estarmos presentes, ouvindo necessidades locais e ajustando nossas estratégias, para garantir que o Programa não apenas contribua para a regularização ambiental, mas também fortaleça economicamente os produtores, gerando impactos positivos para a comunidade”, destacou Louise.
Segundo Nakagawa, a viagem fortalece a relação com parceiros locais e internacionais e ajuda o Programa a aprimorar suas iniciativas. “Com esses encontros, o Programa Boi na Linha segue fortalecendo sua atuação, promovendo um diálogo contínuo com atores da cadeia produtiva e consolidando sua posição como referência em pecuária sustentável”, concluiu.