By dezembro 18, 2024

Práticas de rastreabilidade na cadeia produtiva da carne são diferencial competitivo no mercado internacional

Marina Guyot, gerente de Políticas Públicas, apresentou o Programa Boi na Linha à audiência internacional

Entre os dias 5 e 10 de novembro, o programa Boi na Linha foi apresentado pela gerente de Políticas Públicas, Marina Guyot, e pela diretora executiva, Marina Piatto, do Imaflora, ao mercado chinês durante a 7ª Expo Internacional de Importação da China (CIIE), em Xangai. A ação incluiu um workshop exclusivo para representantes do governo e da indústria local, além de participação na Conferência Internacional da Carne.

A China, maior importador da carne bovina brasileira, tem demonstrado interesse crescente em ferramentas que promovam transparência e rastreabilidade na cadeia produtiva da carne. Para Marina Piatto, diretora executiva do Imaflora, os feedbacks foram positivos, indicando que o protocolo pode ser um instrumento para fortalecer a relação comercial Brasil-China, agregando valor aos produtos sustentáveis.  “Para os importadores chineses, práticas que respeitem critérios socioambientais são um diferencial competitivo relevante”, destacou.

Na contramão de uma agropecuária que desmata, o protocolo avalia o desempenho socioambiental da cadeia produtiva da carne no Cerrado e na Amazônia, a partir de normas estabelecidas pelo Ministério Público Federal (MPF). Esses critérios incluem o combate ao desmatamento ilegal e o monitoramento de todos os elos da cadeia produtiva, além de promover capacitação técnica para adequação ao protocolo. A abordagem do programa também está alinhada a agendas ambientais internacionais, ao se comprometer com as metas de desmatamento zero e de redução de emissões de carbono.

A presença das representantes do Imaflora e do Boi na Linha na convenção reforça a crescente cooperação entre o Brasil e a China. Nos últimos anos, diversas prioridades sobre questões ambientais foram compartilhadas entre os dois países. A visita intensificou discussões já existentes sobre a implementação de políticas de rastreabilidade e monitoramento ambiental, além de fortalecer a cooperação técnica bilateral. Piatto enfatiza que “há uma proeminente negociação sobre rastreabilidade ambiental, com missões e acordos sendo discutidos entre o Ministério da Agricultura (MAPA) e agências chinesas.”

O avanço das negociações inclui o desenvolvimento de uma possível Política Nacional de Rastreabilidade Individual, defendida por entidades do setor. Essa política seria essencial para conectar o que já é praticado no Brasil às demandas do mercado chinês, que busca maior transparência nas cadeias de fornecimento – indo ao encontro de práticas já estabelecidas pela União Europeia, por exemplo.

A adoção do Protocolo Boi na Linha pela China pode representar um marco para a pecuária brasileira. Além de atender às demandas do maior mercado consumidor, o Brasil pode usar essa oportunidade para reforçar sua soberania na determinação de políticas de conformidade. A oportunidade, para Piatto, é uma vantagem para o Brasil porque “mostra ao mundo o que já fazemos e impulsiona melhorias futuras.”

Paralelamente, organizações da sociedade civil têm pressionado por uma agenda de desmatamento zero, mais ambiciosa do que a simples legalidade defendida no protocolo. Essa agenda busca atrair empresas chinesas com padrões elevados de sustentabilidade, promovendo a transição para uma pecuária mais responsável. A convergência dessas iniciativas cria um ambiente propício para que o Brasil fortaleça seu papel como exportador de carne sustentável.

O desafio agora, no Brasil, é garantir que a cadeia produtiva da carne esteja alinhada a essas exigências. O próximo ano será dedicado ao exercício dos resultados das auditorias promovidas até então e ao avanço das discussões com a indústria brasileira, peça fundamental para a consolidação das práticas já existentes.

Saiba mais sobre os benefícios da rastreabilidade no link.